quarta-feira, 11 de abril de 2012

AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline E P Í L O G O AS NOVE SINFONIAS E OS NOVE MISTÉRIOS




AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline


E P Í L O G O


AS  NOVE  SINFONIAS  E  OS  NOVE  MISTÉRIOS


Ao olhar a música instrumental pura, notamos que na sinfonia de Beethoven reina a maior desordem e, contudo, debaixo de tudo, está a mais absoluta ordem, a mais violenta luta que imediatamente se torna a mais doce concórdia. É “rerum concordia discors”, um verdadeiro e completo retrato da natureza essencial do mundo que se movimenta em complexidade, sem melodia e em inúmeras formas, e suporta a si mesma pela constante destruição. Ao mesmo tempo, todas as emoções e paixões falam a partir desta sinfonia, amor e ódio, medo e esperança, tudo somente no abstrato e sem nenhuma particularidade; é realmente a forma de emoção, um mundo espiritual sem matéria. É verdade, no entanto, que nós estamos inclinados a compreendê-la enquanto a ouvimos, vesti-la em nossa imaginação com carne e sangue, e contemplá-la nas várias cenas da vida e da natureza.  -  Arthur Schopenhauer


Os Nove Mistérios que são descritos neste livro são observados em certas épocas especiais. Estas Observâncias têm lugar nos Templos de Mistérios das Grandes Fraternidades que estão localizadas na esfera etérea.

O Primeiro Mistério acontece à meia-noite de sábado. Uma parte deste sublime trabalho é uma recapitulação daquele tempo na história da Terra, conhecida pelos ocultistas como Período de Saturno, e é biblicamente descrita como o Primeiro Dia da Criação.

O Segundo Mistério é observado no domingo à meia-noite. Este, além do trabalho que foi anteriormente mencionado, recapitula o Período Solar da evolução da Terra que é biblicamente o Segundo Grande Dia da Criação

O Terceiro Mistério é observado à meia-noite da segunda-feira e recapitula o trabalho do Período Lunar ou o Terceiro Grande Dia da Criação.

O Quarto Mistério é observado não só em um dia, mas em dois. O primeiro à meia-noite de terça-feira e o segundo à meia-noite de quarta-feira. Esta observância dupla é porque o presente Período Terrestre é dividido em duas metades distintas. A primeira metade vem sob a direção de Marte, sob cuja natureza marciana os céus do planeta têm escurecido com guerras e rumores de guerra. A segunda observância à meia-noite de quarta-feira revela algo das maravilhas da segunda ou metade mercurial do Período Terrestre. A humanidade terá então que alcançar ardentemente o seu sonho de um mundo de paz e de unidade.

O Quinto Mistério é observado à meia-noite de quinta-feira quando as glórias do próximo Período da evolução da Terra, o Período de Júpiter, será realidade.

O Sexto Mistério é observado à meia-noite de sexta-feira e contém as revelações gloriosas que pertencem a um estágio ainda mais alto do desenvolvimento deste planeta que leva a designação de Período de Vênus.

O Sétimo Mistério é observado em datas específicas fixadas em cada noite da semana e se relaciona com o trabalho do último Dia Evolutivo deste planeta, que é conhecido como Período de Vulcano.

O sublime Oitavo Mistério é observado cada mês nas noites de Lua Nova e de Lua Cheia.

A glória do Nono Mistério é consumada nos dois pontos espirituais mais altos do ano, a saber, a meia-noite dos Solstícios de Inverno e de Verão.

Beethoven falou de uma décima sinfonia que era, sem dúvida, para descrever musicalmente este trabalho mais elevado. Embora ele tenha deixado uma quantidade de notas para esta composição, ela nunca foi completada. Isto, evidentemente, não estava no escopo de seu trabalho divino específico. Quando a humanidade for capaz de alcançar algo de seu glorioso destino, como o relacionado ao primeiro dos Grandes Mistérios Crísticos, e somente então, um intérprete musical ainda mais elevado será enviado pela Hierarquia para transmitir musicalmente algo de poder transcendente pertencente aos Grandes Mistérios Crísticos.

Quando o aspirante passa através do quarto dos nove Mistérios Menores, ele é saudado com grande regozijo por seus irmãos Iniciados e é conhecido como “o recém nascido”.

O trabalho do quinto dos Mistérios Menores tem relação com a amalgamação das essências do Fogo, Ar, Água e Terra. Este trabalho está relacionado não só com a operação destes elementos por toda a natureza, mas também com o homem em si. O Fogo relaciona-se com a natureza de desejo do homem, o Ar, com a mente, a Água, com a natureza emocional e a Terra, com o corpo físico. Quando o aspirante aprende a controlar estas forças dentro dele,  também ganha controle de sua operação através da natureza. Isto dá a ele a habilidade de andar sobre a água, passar sem dano através do fogo, viajar à vontade pelo ar e passar à vontade sem obstrução pelos planos internos da Terra. Estas coisas são conhecidas como os milagres do Iniciado.

Como muito poucos no presente possuem a habilidade de realizar estes assim chamados milagres, eles são geralmente considerados superstição e fantasia e são associados só com os nomes do Conde de St. Germain e Christian Rosenkreuz, o ilustre fundador da Escola de Mistérios da Ordem Rosacruz. No entanto, estas coisas são perfeitamente possíveis de serem alcançadas por todos aqueles que têm vontade de pagar o preço que este desenvolvimento acarreta. Significa a renúncia de “coisas” e completa dedicação ao espírito. Cristo nos transmitiu esta verdade quando disse “Meu reino não é deste mundo” e  “Minhas ovelhas conhecem minha voz e me seguem”.

Do amálgama dos quatro Elementos, um novo e quinto elemento é formado. Ao entrarmos cada vez mais em harmonia com a vindoura Era de Aquário, os viajantes do espaço do futuro serão capazes de contatar este novo Elemento e muitas das gloriosas maravilhas que ele revelará. Talvez a melhor descrição disto seja dada por São João em sua Revelação a qual ele descreve como um “mar de vidro”. Sobre este mar de vidro, ele afirma, serão reunidos os redimidos e regenerados de toda a humanidade.

Antigos Mestres da Sabedoria previram a descoberta deste novo Elemento. Alguns o chamaram de Azoto, outros de Rebis. Ambas as palavras têm cinco letras, ou mantras de poder, e ambas significam a consumação de todas as coisas. Daí notar-se que este novo Elemento tipifica o Espírito da Unidade. Antes que o homem seja capaz de explorar suas maravilhas, o mundo tem que alcançar a realização da Paternidade de Deus e da Fraternidade dos Homens.

O Sexto, o Sétimo, o Oitavo e o Nono dos Mistérios Menores lidam com um alcance espiritual ainda mais alto e mais elevado. No Nono Mistério, o participante passa dentro do Coração da Terra e lá se encontra na presença do Senhor Cristo, para ser preparado por Ele para um trabalho ainda maior mo primeiro dos Grandes Mistérios.

A mais valiosa de todas as dádivas de Cristo a esta Terra foram os Quatro Mistérios Maiores ou os Mistérios de Cristo, completando assim treze ao todo, delineando o Caminho da completa emancipação sob o regime de Cristo.

O Primeiro dos Grandes Mistérios de Cristo levará o homem ao fim deste Dia de Manifestação na Terra. É aqui que o Iniciado muda seu Corpo de Iniciado em Corpo de Adepto. Ele agora descobre o poder da Palavra Perdida e adquire a Palavra Criadora. Cada pensamento pode ser agora revestido em forma pela vontade. Tal pessoa iluminada se libertou do ciclo de vida e morte. Este foi o sublime alcance do amado São João, o mais avançado entre todos os discípulos e o único que não passou através do interlúdio chamado morte.

Os poderes desenvolvidos no primeiro dos Grandes Mistérios foram demonstrados pelos discípulos no dia de Pentecostes. Foi quando eles experimentaram sua primeira comunhão interna com o elevado Ser conhecido como Espírito Santo. Pela força espiritual agora despertada dentro deles, manifestaram muitos dos mesmos poderes que Cristo exerceu durante Seu ministério na Terra. Estes são só alguns dos extraordinários poderes que esperam o homem quando ele se tornar capaz de entrar no primeiro dos Grandes Mistérios de Cristo.

A Primeira Sinfonia e o Primeiro Mistério estão sob a direção da Hierarquia de Peixes, os Mestres Adeptos ou a humanidade aperfeiçoada.

A Segunda Sinfonia e o Segundo Mistério estão sob a jurisdição da Hierarquia de Aquário, os Anjos.

A Terceira Sinfonia e o Terceiro Mistério estão sob a direção da Hierarquia de Capricórnio, os Arcanjos.

A Quarta Sinfonia e o Quarto Mistério estão sob a direção da Hierarquia de Sagitário, os Senhores da Mente.

A Quinta Sinfonia e o Quinto Mistério estão sob a supervisão  de Escorpião, os Senhores da Forma.

A Sexta Sinfonia e o Sexto Mistério estão sob a jurisdição de Libra, os Senhores da Individualidade.

A Sétima Sinfonia e o Sétimo Mistério estão sob a influência da Hierarquia de Virgo, os Filhos da Sabedoria.

A Oitava Sinfonia e o Oitavo Mistério estão sob a direção da Hierarquia de Leo, os Senhores do Amor e da Luz.

A Nona Sinfonia e o Nono Mistério estão sob a supervisão da Hierarquia de Câncer, os Querubins.

Há uma íntima relação entre o Nono dos Mistérios Menores e o Primeiro das Grandes Iniciações de Cristo. O coro triunfante dos Querubins forma uma ponte musical entre os dois. É aqui que o ser se defronta com o sagrado segredo da Vida.

A Primeira das Grandes Iniciações de Cristo está sob a direção da Hierarquia de Gêmeos, os Serafins. A nota-chave de Gêmeos é Polaridade e a nota-chave da Primeira Grande Iniciação é também Polaridade. É aqui que o corpo do Iniciado é trocado pelo corpo do Adepto, o que significa corpo perfeitamente polarizado ou andrógeno.

A Segunda das Grandes Iniciações está sob a guia e direção da Hierarquia de Touro, os Terafins.

A Terceira das Grandes Iniciações está sob a direção de Áries, os Xeofins.

É na Quarta e última das Grandes Iniciações que todas as doze Hierarquias do Zodíaco derramam sua magia e seu poder. É aqui que o grande coro celestial soa num poderoso hino de glória. Este coro triunfante nem ouvido humano pode ouvir, nem é possível para a linguagem humana tentar descrever sua sublimidade. Podemos só dizer que, neste longínquo tempo, o Senhor Cristo é o perfeito modelo da raça aperfeiçoada que virá a este elevado lugar de experiência, pois o homem então terá se tornado cristianizado e o sonho de São Paulo realizado quando ele disse: “Deixe o Cristo formar-se em ti”. Isto marcará o término da Dispensação de Cristo sobre a Terra e Ele retornará ao Reino do Pai. Então, uma humanidade perfeita estará pronta para uma lição ainda mais espiritual que será a Religião do Pai.

A Parte I deste volume  -  “Música  -  Seu Poder e Magia”  -  lida com a música em relação à evolução humana. Ela tenta relatar como, pelo poder e a magia da mais elevada das artes, o homem tornou-se homem. Num futuro distante, por meio deste mesmo poder e magia musicais, o homem se tornará mais do que homem; ele se tornará um homem-deus.

A alta nota-chave espiritual que está ressoando através de toda a criação, que Beethoven fez articular em suas incomparáveis criações é “ Para frente e para cima para sempre ”.


* * * * * * *



                                                                              Í N D I C E                                                                                                         


Beethoven o Homem                                                                                                                                                                     

Prólogo                                                                                                                                                                                                 

Capítulo I  -  Primeira Sinfonia em Dó Maior – Opus 21                                                                                                     
                                      Primeiro Mistério

Capítulo II  -  Segunda Sinfonia em Ré Maior – Opus 36                                                                                              
                                      Segundo Mistério

Capítulo III - Terceira Sinfonia em Mi Bemol Maior (Heroica) – Opus 55                                                                                  
                                      Terceiro Mistério

Capítulo IV  -  Quarta Sinfonia em Si Bemol Maior – Opus 60                                                                                         
                                      Quarto Mistério

Capítulo V  -  Quinta Sinfonia em Dó Menor – Opus 67                                                                                                    
                                      Quinto Mistério

Capítulo VI  -  Sexta Sinfonia em Fá Maior  (Pastoral) – Opus 68                                                                                                  
                                      Sexto Mistério

Capítulo VII  -  Sétima Sinfonia em Lá Maior – Opus 92                                                                                                    
                                      Sétimo Mistério

Capítulo VIII  -  Oitava Sinfonia em Fá Maior – Opus 93                                                                                                    
                                      Oitavo Mistério

Capítulo IX  -  Nona Sinfonia em Ré Menor – Opus 125                                                                                                    
                                      Coro “Ode à Alegria” de Schiller
                                                   Nono Mistério

Epílogo                                                                                                                                                                                                 




 Biografia da autora por António de Macedo:
http://www.fraternidaderosacruz.org/corinneheline.htm










AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO IX NONA SINFONIA - RÉ MENOR - OPUS 125 (Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)




AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline


CAPÍTULO  IX

NONA SINFONIA   -    RÉ MENOR    -    OPUS 125

(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)

A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de idéia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas idéias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e também tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime ... Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.  -  Autor desconhecido

Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante este intervalo, houve evidentemente uma profunda preparação em seu interior para poder criar o  glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.

Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e  elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha.  Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.

Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a tornar-se um canal claro e livre para seu objetivo.

No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha  -  mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico  -  a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, isto foi talvez sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Esta música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para esta música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu alto destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano,  terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e desespero, às vezes voltando-se contra o Destino.

O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” que é um dos manuais mais iluminados e espirituais já escritos, lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade e que, antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade e, antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.
Como Edward  Carpenter escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings, “Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, preocupações financeiras e pobreza, fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de homem. O que esta luta deve ter sido entre suas condições internas e externas  -  de seu eu real com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado  -  nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isto possa abraçar e redimir a humanidade”.

A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É também o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o homem retorna à união com Deus.

Notou-se previamente que as sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Estas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento de alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona.

Como foi dito anteriormente, as sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto que a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Esta união marca o supremo alcance do homem sobre as coisas terrenas.  Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.

O  escritor John Maglee Burk, em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a estes ecos celestiais como  “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia tornaram-se cada vez mais claros e mais fortes enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado... e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono.  Ninguém ”, ele acrescenta, “igualou este poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por esta página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida,  lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.

“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill em seu trabalho intitulado The Symphony, é comparável aos vigorosos trabalhos como a Heroica e a Quinta sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas idéias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido.. .emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Esta abertura portentosa é em seguida reformulada... e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação deste tema gigante que temos e este, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale.

“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee no livro “The Story of the Symphony” do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas idéias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas... são excelentes.”

O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança ”. Berlioz comparou-o ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.

“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio ( terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore, falando deste terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini ao apresentar esta parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. “ No Paraíso! ”, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornssem apaixonadas  -  só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza  -  perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final.”


UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA

Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que este mundo já conheceu. Sigmund Spaeth em seu livro  “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde.

Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipaçãp, da igualdade e a eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.

Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio, o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam tornar-se realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornará universal por todo o mundo. São estas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.


CORAL DA NONA SINFONIA

O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa.  A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito  e voltamos para o infinito.   -   Rabindranath Tagore

Como foi mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Esta “pressão interna levou-o a escolher uma vida de auto abnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações  do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.

Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico do Nono Mistério que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.

A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual deste Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado  -  um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para este fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.

Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller, Ode à Alegria. Este poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal. 


Louve a alegria, a descendente de Deus
Filha do Elysium !
Raio de alegria e matizada de êxtase
Deusa, ao teu santuário viemos !
Por tua magia  está unido
O que o rígido costume separou.
Toda a humanidade é formada de irmãos angustiados
Onde tuas asas gentis são fiéis.
Ó, milhões de vós, eu os abraço
Com um beijo para todo o mundo !
Irmãos, sobre a longínqua esfera estrelada,
Certamente habita um Pai amoroso.
Ó milhões de vós, ajoelhem-se diante d´Ele.
Mundo, não sentes teu Criador mais perto?
Procure-O sobre a longínqua esfera estrelada,
Sobre as estrelas entronizadas, adore-O !
Alegria, ó filha do Elysium,
Por tua magia está unido
O que o rígido costume separou.
                                                                    Toda a humanidade é formada de irmãos angustiados
Onde tuas asas gentis são fiéis.


Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar  seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.

No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.

O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.

O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas sinfonias é uma divina aventura em espírito. O espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.

O Finale nos fala sobre isto. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão desta alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior ( ainda uma experiência no plano terrestre).

No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou esta Ode para expressar solidariedade humana. Este coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.


NONO  MISTÉRIO


O Nono Mistério conduz ao coração da Terra. Neste centro, está refletido o plano espiritual mais alto, o Mundo de Deus. Este é um plano onde reside o Absoluto . Aqui, o espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o homem se encontram face a face.

É aqui que os Deuses de outros sistemas planetários comungam com o Deus deste sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este planeta pode traduzir a maravilha e a glória desta sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.

O diagrama 18 do “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente  aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais altas esferas da consciência. Porém, este é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.

Na Noite Santa, quando o Nono Mistério é celebrado, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos desta gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.

No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.

A participação no Nono Mistério é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a mente espiritualmente iluminada, o coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Esta realização alcança o clímax encontrando-se face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É esta a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, o Nono Mistério.

A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma desta experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio desta música celestial que  sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o homem é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.

Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo, seu destino se cumpriu. Este é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Esta composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor!”.



























AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO VIII OITAVA SINFONIA - FÁ MAIOR - OPUS 93




AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline



CAPÍTULO VIII

OITAVA SINFONIA   -    FÁ MAIOR    -    OPUS 93


Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o mestre produziu durante o período divino de  sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Deste modo, estes maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no sentido da divina revelação.
Nesta sinfonia,  há pensamentos musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e alcançam as alturas... Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor.  -  Romaine Rolland

A Oitava Sinfonia teve sua primeira apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é Harmonia.

Os antigos declararam que o número oito contém a marca da divindade e isto é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz declara que o modelo desta sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre esta sinfonia, diz que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu espírito despreocupado e também porque é a menor das nove.

As duas primeiras partes estão cheias de alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, este terceiro movimento é um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é o riso de regozijo infantil ou de  frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “ vasto e interminável riso de que  Shelley fala em Prometheus Unbound. É o riso de um homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou outra nota de rebeldia  se intromete momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico... uma intimidação da Divindade mais do que o ouvido descobre”.

O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.

A Oitava Sinfonia é, no entanto,  uma outra composição que o grande gênio criativo de Beethoven deu ao homem para ajudá-lo em seus objetivos espirituais, que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.

Erwin Grove, em seu trabalho “Beethoven´s Nine Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua “tendência feminina”.

Beethoven foi um instrumento usado pelo Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs música. Em sua música, sempre criando novos mundos, seu grande gênio foi mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas celestes que se movem com mais velocidade que a luz.

Gustav Nottebohn, em seus Sketches of Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de melodia que alguns chamaram de absoluta e, compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo, mas começou do todo para o pormenor.  Sob um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou esta mesma verdade nas palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.

Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da Polaridade. As sinfonias ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces, ternas, dóceis, calmas, características do feminino.

A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira, ou a Heróica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isto até que a mais gentil sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro contemplativo.

Outra vez, após um espaço de quatro anos, Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em sequência.

Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito sinfonias  e culminou na grandiosidade da Nona.




OITAVO MISTÉRIO

O Oitavo Mistério está relacionado com a oitava camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder deste Mistério é tal que um objeto situado nesta camada, quando usado como um núcleo, pode ser multiplicado à vontade. Era o poder deste oitavo mistério que o Senhor estava demonstrando aos discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e alimentou cinco mil  -  com doze cestas cheias de sobra.

Muito pode ser dito sobre este Mistério, excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e sobre o mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada neste elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através dos mistérios que precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das coisas do mundo exterior o comoviam.

A esfera celestial chamada no ocultismo de Mundo dos Espíritos Virginais está refletida na oitava camada da Terra. É neste nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma onda de vida evolutiva. É deste plano que estes seres divinos em embrião entram em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Neste estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido através de sua involução dentro da matéria é a auto-consciência, quando o processo evolutivo o leva de volta à consciência  Divina.

No Oitavo Mistério, o Iniciado é levado para muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as maravilhas e as glórias daquele mundo espiritual no qual ele é permitido entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas daquele mundo.

Toda alma iluminada canta sua própria canção de realização. Esta canção é às vezes uma expressão de aspiração, busca, agonia, desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua, segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Esta foi a canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são o imortal Salmo de Davi e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama musical que leva o seu nome.

É esta mesma Canção de Realização que é ouvida na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale desta sinfonia ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele que aprendeu, por sua divindade inata,  a reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Esta é a nota-chave do Oitavo Mistério e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.

O elevado trabalho deste Oitavo Mistério está exemplificado na música desta Sinfonia que é tão suave, linda e cheia  de tal corrente de força que parece cantar a habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado, aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em Exaltação.


AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO VII SÉTIMA SINFONIA - LÁ MAIOR - OPUS 92





AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline

CAPÍTULO  VII

SÉTIMA SINFONIA   -   LÁ MAIOR    -    OPUS 92

Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua beleza. Nesta sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável, glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível, liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia. – Pitts Sanborn
                                                                                                                                            

A primeira apresentação desta sinfonia foi em Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre a Sexta e a Sétima. Durante este período, Beethoven esteve aprofundando sua consciência   espiritual e captando uma afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na Sétima oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez acima.

A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito se eleva triunfante sobre o quatro da matéria. O espiritual se torna agora primário e o material, secundário. É este triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto Richard Wagner como Franz Liszt olharam a sinfonia como a “apoteose da dança”. O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.

Wagner identificou esta Sinfonia com a dança em sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias estelares.

No primeiro movimento (Poco sostenuto, vivace), acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do inebriante ritmo do tema principal. Esta introdução desdobra os temas que se seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os sistemas solares são impelidos em seus movimentos? Assim, sua música se torna uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o homem mortal se move em seu estado sem inspiração.

No segundo movimento (Allegretto), um tom de solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o espírito estivesse estupefato na realização da responsabilidade que vem com tal consecução. Este tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi comparado a uma procissão através das catacumbas.

O terceiro movimento (Presto, presto meno assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito de scherzo nele todo.

O Finale (Allegro com brio) é colossal e magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “ Estou livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.

Este espírito de exultante liberdade naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras, o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.

A celebrada Isadora Duncan dançou todos os movimentos desta Sinfonia, exceto o primeiro,  no Metropolitan Opera House em Nova York em 1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em poesia do movimento. A coreografia que a sinfonia evoca tem um caráter mais etéreo e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos coribantes, os sacerdotes de Cibele em volta do berço do infante Zeus.


UMA  VISÃO  DO  CAMINHO

Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de diamantes. A subida desta montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão, mas sempre a silenciosa Voz interior firmemente o impele “Para frente e para cima para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo longo e estreito caminho, mas sempre a Voz interior, gentil, mas insistente, é ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas fendas onde o Sol está longe da vista. É então que em sua visão mental ele pode ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade que é dominada pelo espírito.

Finalmente, o topo é alcançado e oh! a maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as  planícies e os vales rodeados por montes humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos lindos picos brancos lá em cima.

Quando o viajante eleva seus olhos, ele se enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão alto e  ser o final, está diminuído por montanhas mais altas cujos picos estão completamente longe da vista no imenso azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran vêm à mente com um novo significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará a subir”.

É então que o viajante grita: “O que está além dos majestosos picos cujas alturas  se perdem nos céus?” E a Voz, em alegre exaltação, responde: “Infinito”. “E o que está além do Infinito?” Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de doçura sobrenatural, a Voz responde: “Um Infinito de Infinitos”.

Esta é a canção de alma da Sétima Sinfonia de Beethoven, o espírito triunfante e exultante cantando “Sempre para frente e para cima, pois o Caminho da Verdade não tem fim e a Busca é Eterna”.


SÉTIMO MISTÉRIO

O Sétimo Mistério está conectado com o sétimo estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Este estrato está correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder espiritual deste mundo celestial.

Fiel ao seu nome descritivo, o estrato refletor na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do homem que podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a lei kármica de causa e efeito, tanto os homens como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino que é a contraparte superior do Estrato Refletor da Terra.

A história oculta registra a submersão do Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização devido à muito difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e depravação que existia entre os habitantes, que agiam através das forças localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e Gomorra devido às maldades desenfreadas nestas cidades.

O homem é um ser sétuplo. O tríplice espírito está conectado com o tríplice corpo pelo elo da mente. O propósito principal das peregrinações dele na Terra é capacitar o tríplice espírito a trabalhar sobre o tríplice corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes corpos mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.

Antes que esteja pronto para passar através do portal que se dirige ao Sétimo Mistério, grande parte desse trabalho tem necessariamente que estar realizado. Na sétima ou camada refletora da Terra estão guardados os chamados sete grandes segredos da Natureza. Estes segredos estão conectados com os quatro elementos  -  Fogo, Ar, Água e Terra. Neste grau, aprendem-se os muitos e variados modos nos quais estes elementos são transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da Natureza. O Sétimo Mistério é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por este Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.

O Iniciado do Sétimo Mistério é ensinado a investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos como Fogo, Ar, Água e Terra. Estes poderes operam sob a direção dos altos seres celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a este trabalho, exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são ensinados  com relação à transmutação e, sob o poder da Água e da Terra, são ensinados os mais profundos significados relativos ao equilíbrio e à polaridade.

Nesta elevada esfera para onde o Iniciado é trazido e colocado face a face com as verdades pertencentes ao Sétimo Mistério, ele se torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco, havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da limitação que este planeta impõe a ele. É algo deste maravilhoso Espírito de Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.

Tal é a magia exercida pela música da Sétima Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale fez a seguinte observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na mente, ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.

Há tal poder místico impregnado nesta sinfonia que ela tem a magia de despertar na alma de um aspirante a visão dos passos que guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso, ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.