quarta-feira, 11 de abril de 2012

AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN por Corinne Heline -Prólogo


AS  NOVE  SINFONIAS  DE  BEETHOVEN

Retrato de Ludwig van Beethoven (1820) pintado por Joseph Karl Stieler.

Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais

Corinne Heline




BEETHOVEN  -  O HOMEM



O que segue é a descrição de Beethoven por um amigo do grande compositor, transcrito por Ernest Newman em seu livro intitulado O Inconsciente Beethoven:



Um grupo de amigos estava em um restaurante quando Beethoven entrou. Era um homem de média estatura com cabeça leonina, cabeleira comprida e grisalha, e olhos brilhantes e penetrantes. Ele se moveu como num sonho e sentou-se com olhar atordoado. Ao falarem com ele, levantou suas pálpebras como uma águia que acorda assustada e esboçou um sorriso triste. De vez em quando, tirava um livro de seu casaco e começava a escrever. Um dia, alguém perguntou o que ele estava escrevendo: “Ele está compondo, mas escreve palavras e não notas musicais. A arte tornou-se uma ciência com ele  e ele sabe o que pode fazer. Sua imaginação obedece à sua insondável reflexão.”



Para um amigo íntimo, Beethoven uma vez descreveu seu método de trabalho: “Eu carrego minhas idéias comigo por longo tempo antes de escrevê-las. Minha memória é tão precisa que tenho a certeza de não esquecer um tema que me vem à mente mesmo no decorrer de vários dias. Eu o altero muitas vezes até ficar satisfeito, e, então, começa o trabalho em minha cabeça; e já que estou consciente do que quero, a idéia fundamental nunca me abandona; ela sobe, ela cresce. Eu vejo diante de minha mente a imagem em toda a sua extensão, como se estivesse numa simples projeção e nada deixa de ser feito a não ser o trabalho de escrever. Isto caminha de acordo com o tempo que tenho para escrevê-la, pois, às vezes, tenho vários trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas nunca confundo um com outro”.



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“Beethoven foi mais do que um simples músico. Foi um super homem... Sua riqueza de idéias o coloca ao lado de Shakespeare e Miguelângelo na história do espírito humano... Suas sinfonias são para ele o que o Sermão da Montanha é para a vida de Jesus; suas sonatas são a luta interna de Jesus no Jardim de Getsêmani.”  -  Edmond Bordeaux em LUDWIG VON BEETHOVEN



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“Beethoven foi o Titã do mundo musical. Outros músicos famosos podem ser comparados uns com os outros, mas Beethoven não tem comparação. Ele está sozinho. Ele foi o Prometeus que foi erguido para trazer para nós a música espiritual do céu – música que cativa e encantará a humanidade enquanto o mundo existir. Este foi Beethoven. “ -  Ibid







P R Ó L O G O





“Diante da Sinfonia de Beethoven, nós estamos frente a um marco de um novo período na história da arte universal, pois, através dela, apareceu um fenômeno raríssimo no mundo da arte musical de todos os tempos.”                                                                                 Richard Wagner





LUDWIG VON BEETHOVEN  nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio à Terra com uma missão definida. Citando as palavras de Johan Herder em seus estudos filosóficos da História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra por intermédio de homens superiores escolhidos.”



Beethoven não nasceu para uma vida de facilidade e felicidade. Como a maioria das almas avançadas, desde a juventude, ele foi “um homem cheio de tristeza e familiarizado  com a desgraça”, pois geralmente estava em pobreza desesperadora, cercado de pessoas incompatíveis e ambiente desarmônico. Ele disse para si mesmo: “Eu não tenho amigos, tenho que viver só;  mas sei que em meu coração Deus está mais perto de mim do que de outros. Eu me aproximo d’Ele sem medo e sempre O conheci. Também não estou preocupado com minha música, que possa ser levada por um  destino adverso, pois ela libertará aquele que a compreenda da miséria que aflige outros”.



O gênio musical de Beethoven  tornou-se evidente muito cedo. Ainda bem jovem, ele foi mandado para Viena onde estudou por algum tempo. Fez sua primeira apresentação naquela cidade em 1795, tocando seu concerto para piano em si bemol maior.



“Na meia idade”, escreve Charles O’Connell no livro Victor Book of the Symphony, “numa época em que o republicanismo era uma traição, ele ousou ser republicano mesmo quando recebia o apoio de cortesãos e príncipes. Quando ser liberal era ser herege, ele viveu uma grande religião de humanista sem desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados olhavam de esguelha sua figura atarracada, de maneiras grotescas, traje ridículo, ele reagia  rispidamente à mesquinhez. Grande demais para ser ignorado, pobre demais para ser respeitado, excêntrico demais para ser amado, ele viveu, uma das mais estranhas figuras em toda a história.”



“A tragédia o seguiu como um cão. Ficou surdo e seus últimos anos foram vividos num vazio de silêncio. Silêncio! De onde tirava os sons que o mundo todo adorou ouvir e ele deve ter ouvido antes de todos!”



No início da civilização, os Mistérios foram instituídos com o propósito de ensinar à humanidade suas faculdades e poderes latentes,  de modo a se capacitar para investigar a vida e o trabalho do astral superior, veículos mental e espiritual que pertencem ao homem e à Terra.



Muitos clássicos literários contêm informação relativa aos Mistérios, por exemplo, a Divina Comédia de Dante e o Paraíso Perdido e Recuperado de Milton. Beethoven os descreveu musicalmente em suas Nove Sinfonias.



O caminho da Iniciação conduz a uma investigação das maravilhas e glórias que pertencem aos planos internos deste planeta.O homem é muito mais do que um corpo  como é visto pelos olhos físicos. Ele é composto de outros veículos sutis que o interpenetram e também se estendem além da periferia do corpo físico. Assim, também a Terra está composta  de mais que um globo físico. Ela tem veículos que a interpenetram e que se estendem para o espaço a dentro. Por meio da Iniciação, o homem se torna ciente de seus corpos  mais sutis e de suas funções e adquire conhecimento dos vários veículos da Terra e de suas funções.



Durante o século XIX, espíritos evoluídos reencarnaram para trazerem à compreensão vários conceitos de verdade espiritual relativos à Iniciação  -  conceitos que foram deixados de lado e esquecidos durante os séculos do materialismo que envolveu o mundo. Estas verdades eram para serem revividas por aqueles que as aceitassem, de modo que pudessem ser fortalecidas e preparadas para os árduos e trágicos dias do século XX.



Richard Wagner, outro grande músico Iniciado, entendeu e apreciou a grande missão de Beethoven no mundo. Ele percebeu  o sublime significado interno  e o êxtase da alma na Nona Sinfonia. Ele a considerou a suprema dádiva musical para a humanidade. Quando construiu seu lindo santuário da música em Bayreuth, ele a inaugurou com as cordas imortais da celestial Nona de Beethoven.



Berlioz escreveu sobre a Nona Sinfonia: “Qualquer coisa que se possa dizer desta sinfonia, o fundamental é que, quando terminou seu trabalho e contemplou a grandiosidade do monumento que tinha acabado de erguer, Beethoven deve ter dito a si mesmo:  ` Deixe a morte vir agora, minha tarefa está cumprida ‘.”



A culminância do trabalho de Beethoven foi alcançada nas suas nove sinfonias. Ele começou a primeira quando o mundo estava no limiar do século XIX. A Primeira Sinfonia foi escrita em 1802. A nona e última foi completada e dada ao mundo em 1824. Com esta sublime composição, sua missão terrestre se aproximava de sua conclusão gloriosa. Seu chamado veio em 1827.



No seu mais alto aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como os Nove Mistérios Espirituais. A primeira, a terceira, a quinta e a sétima são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A segunda, a quarta, a sexta e a oitava são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um aspirante passa através de vários passos iniciatórios dos Mistérios, ele aprende a equilibrar as forças da cabeça e do coração. Sua união é conhecida como o Casamento Místico. É este lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.



Cada Iniciação é acompanhada por música celestial  -  música que Beethoven trouxe para a Terra e traduziu para os humanos nas Nove  Sinfonias. Quando o ser alcança o exaltado lugar da Nona Iniciação, ele chega à mais alta fase das Iniciações. Torna-se um Adepto. Então, ele é capaz de chegar à presença do Senhor Cristo e receber  Sua suprema bênção.






























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