quarta-feira, 11 de abril de 2012



Karajan - Beethoven Symphony No. 5 in C minor Part 1  




AS  NOVE  SINFONIAS  DE  BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline



CAPÍTULO  V

QUINTA  SINFONIA    -     DÓ  MENOR    -    OPUS 67


“ O espírito de Beethoven está encarnado em sua música e aquele que ouviu a Quinta Sinfonia, ouviu Beethoven” -  Sir Oliver Lodge


A Quinta Sinfonia é uma canção dos Quatro Elementos  -  Fogo, Ar, Terra e Água. É surpreendente em sua intensidade e poder. As pessoas sensitivas que viviam nos dias de Beethoven disseram ter sido lançadas em convulsões pelas grandes marés de verdadeiro fogo cósmico.

Assim é como Wagner descreve a “gigantesca energia” do primeiro movimento desta sinfonia: “Ele (Beethoven) rouba as ondas do mar e deixa vazio o fundo do oceano que pára as nuvens em seu curso, dissipa o nevoeiro e revela o puro céu azul e a face ardente do Sol”.

Nas suas quatro partes, a sinfonia canta a canção de cada Elemento. Enquanto cada uma destas partes está separada e distinta da outra, elas estão magicamente ligadas por uma linha dourada de harmonia. Os críticos frequentemente comentam sobre a concordância rítmica dos Quatro Elementos.

O primeiro movimento (Allegro con brio) é a chave do Elemento Fogo. O segundo (Andante  con moto) está relacionado com o Ar. É o mais irregular dos quatro movimentos. O terceiro (Allegro) está intimamente ligado ao primeiro, embora não se torne, de modo algum, uma repetição dele. Ele exprime um misterioso caráter tremeluzente e aquoso. Então, no Finale, é como o corpo todo da Terra que se estende em triunfo para receber, unido e integrado, este cósmico poder dos quatro elementos.

A Quinta Sinfonia foi composta no final do ano de 1807 ou no início de 1808. Tanto ela como a sua sucessora, a Sexta, foram apresentadas pela primeira vez em 22 de dezembro de 1808 em Viena.

A nota-chave espiritual da Quinta Sinfonia é Liberdade.

Das nove grandes sinfonias de Beethoven, esta é provavelmente a mais popular. Foi considerada “infalível na concepção e sem falhas na construção... um sublime e resistente monumento ao gênio incomparável e habilidade executiva de seu autor”. É música que se eleva acima do pessoal e transitório na vida; não contém nenhuma referência à cena externa e passageira, mas incorpora dos níveis cósmicos uma força moral designada para reforçar o ser interno de todos os que a ouvem. É música pura, refinada e abstrata com o objetivo de agitar a alma do homem dentro da lembrança de sua natureza divina e imortal, e aumentar seus poderes para dar um passo para cima. E isto ela realmente faz, haja reconhecimento consciente do fato ou não. Aqui está uma estrutura tonal erguida para uma “declaração cósmica”. Ela fala de modo redentor ao espírito interno do homem porque seus modelos sonoros são  completamente harmoniosos com as atividades do Grande Homem do Universo e Sua reflexão no homem microcósmico da Terra.

Cada um dos quatro movimentos é por si mesmo uma brilhante criação. Considerados em conjunto, constituem um trabalho de imponente grandiosidade.

O primeiro movimento, Allegro con brio, inicia com quatro notas em uníssono que Beethoven uma vez explicou que soam como o Destino batendo à porta. O segundo movimento, Andante con moto,  carrega uma nota de tristeza;  no entanto, é  maravilhosamente lindo e é realçado mais adiante por um daqueles temas marciais que só Beethoven pôde conceber.

Considerando o primeiro e o segundo movimento juntos, eles são uma verdadeira explosão de desafio da vontade que cresce mais veemente e intensa até que as forças de resistência são derrotadas. Como um comentarista expressou, os dois primeiros movimentos são a canção de um ego de forte vontade, determinado a quebrar os laços do destino e elevar-se acima de suas limitações.

Destino, deve ser acrescentado, é outro nome para a lei kármica universal de causa e efeito. Não é uma abstração fria e isolada. É um poder vivo e ativo entretecido numa fábrica de vida.  Assim como um homem ou uma nação semeia, assim eles devem também colher. O homem, tanto individual como coletivamente, ressente-se desta verdade antes de estar espiritualmente acordado. Ele se recusa a aceitar o fato de que seus sofrimentos e desgraças são o resultado de seus próprios erros e más ações. A raiva, a amargura, a indiferença e a contradição que a alma desperta enfrenta estão representadas nos dois primeiros movimentos da Quinta Sinfonia.

Com o terceiro movimento, uma grande transformação ocorre. Agora, a música se torna linda e cheia de um estranho misticismo que pressagia grandes baixos e impenetráveis altos, até agora não alcançados e inexplorados. Aqui, gradual mas inevitavelmente, tão suaves e lindas como as pétalas de uma flor que se abre, o espírito é despertado mais profundamente para o verdadeiro propósito e mistério da vida. Uma nova e mais profunda realização nasce, mas, quando as leis da vida são entendidas e harmoniosamente aplicadas, vemos que não são más e sim boas.

O terceiro  movimento, ou Scherzo, tem algumas passagens básicas eloquentes e suas figuras ritmico-tonais são cheias de velado mistério e pesadas com presságios escuros. Ele se insinua dentro do “orgulhoso e ardente” Finale perto da coda que é de surpreendente brilho, finalizando com um Presto.

Não há nada mais etereamente lindo em toda  a música do que a transição do Scherzo para o Finale, dentro do qual esta realização nasce completamente dentro da alma que desperta ou se ilumina. É então, com uma canção de júbilo, que o espírito se liberta  por toda a existência e eternidade, para não mais ficar atado à lei kármica. A música gloriosa do Scherzo e do Finale soa como a canção triunfante de alguém que alcançou a espiritualidade.   Esta sublime “música de liberdade” é a divina herança de toda alma que aprende a se emancipar, passando da condição finita da vida pessoal para a condição infinita do ser eterno.

Nas palavras de Charles O’Connell, “ No sentido amplo, esta não é a expressão do pensamento ou sentimento de um homem. Esta é a declaração de uma humanidade confusa e sarcástica – e finalmente triunfante. Esta é a voz do povo, de um mundo sofredor e débil; embora contendo dentro de si os elementos da grandeza final ... certamente, a Quinta Sinfonia tem um apelo à natureza humana mais poderoso, direto e universal do que qualquer outra grande música existente”.

O Finale é de tal magnitude e riqueza que, em comparação com ele, há poucas peças musicais que possam ser tocadas sem ser completamente esmagadas.

E. Markham Lee em “The Story of the Symphony” escreve sobre a Quinta Sinfonia: “Colossal em seu poder majestoso, romântica em sua essência e titânica em suas idéias inerentes, a Sinfonia em Dó Menor levanta-se como uma das mais nobres e mais características dos trabalhos de Beethoven. Vinda no meio das suas nove sinfonias, não é como suas companheiras, e, por sua nobreza e majestade, mantém sua cabeça orgulhosa com uma dignidade que é bem capaz de sustentar. Beethoven começou a compô-la logo após terminar a Heroica e a mesma seriedade é óbvia”.

Esta poderosa, magnífica e ao mesmo tempo maravilhosa música descreve a gloriosa liberdade que só o espírito pode conhecer quando quebra a cadeia que o prende à personalidade e desperta para o êxtase do puro espírito. Esta sinfonia é a sublime canção da emancipação. É a interpretação musical da luta épica do homem em níveis anímicos. É uma exultante canção de triunfo na qual o ser emancipado quebra os laços do finito e passa vitoriosamente para a gloriosa liberdade do infinito.



QUINTO  MISTÉRIO


O Quinto Mistério está conectado com a quinta camada ou Estrato Germinal da Terra, como é determinado na terminologia oculta. Nesta camada da Terra, está refletida a mais alta região do Mundo do Pensamento que é conhecida como Região do Pensamento Abstrato. É neste nível ou plano que a mente está ligada ao espírito.

É de conhecimento geral que a origem da vida se encontra na semente. No entanto, geralmente não é compreendido que a origem do pensamento se encontra também na semente. No Estrato Germinal ou quinta camada da Terra, estão armazenados os pensamentos gerados por toda a humanidade. Se uma pessoa pensa intensamente por um período de tempo numa idéia específica, um pensamento-forma desta natureza ficará implantado neste reino. Lá, irá germinar e dará nascimento a um fruto semelhante. Sendo estes os efeitos do poder criativo da mente, não só a pessoa que pensou irá colher os resultados dele, mas outros também serão influenciados ou afetados em vários graus de acordo com sua afinidade. Então, por exemplo,  quando um poderoso indivíduo como um Alexandre, o Grande, ou um Napoleão direciona sua mente para conquistar o mundo, o resultado pode afetar outros de mente semelhante por séculos, sendo multiplicado muitas vezes. Naturalmente, a lei opera de maneira semelhante em aqueles que possuem pensamentos elevados e nobres. Os bons pensamentos  gerados por São Francisco de Assis, por exemplo, não pararam de dar frutos, e assim ele continua sendo semeado em nosso mundo por um santo moderno como Mahatma Gandhi.

Quando um homem está para começar uma nova peregrinação na Terra, ele é trazido a esta quinta camada para começar a construção de seu novo veículo, pois, como o homem vive hoje, ele está construindo o amanhã. É no Quinto Mistério onde se ensina a ler o registro das vidas passadas na Terra, na Memória da Natureza, e projetar a vida futura.

Há uma linha de demarcação que separa os  cinco primeiros Mistérios Menores  dos quatro últimos. Através dos cinco primeiros Mistérios, o aspirante recapitula e leva à perfeição o trabalho que é dado ao noviço. Isto envolve purificação e controle da natureza de desejo e uma espiritualização que entrega a mente receptiva e obediente aos ditames do espírito mais do que sujeita às inclinações e impulsos da personalidade.

Quando se passa através dos cinco primeiros Mistérios Menores , o Cristo interno do homem é despertado e começa a governar suas ações. Quando ele passa pelos quatro finais e elevados Graus, o Cristo interno floresce completamente. De agora em diante, ele é um homem-deus que participa dos ritos sagrados iniciatórios.

A Quinta Sinfonia é geralmente conhecida como a Sinfonia da Vitória. Esta designação é mais significativa em sua interpretação espiritual. Ela significa muito mais do que uma vitória do homem sobre o homem ou de uma nação sobre outra nação, pois se refere à conquista de si mesmo. O mais sábio de todos os sábios bíblicos sabia bem o significado desta conquista de si mesmo quando disse: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”.

O Quinto Mistério marca um período de transição na vida do aspirante. É aqui que os últimos grilhões da vida pessoal são quebrados, de modo que o espírito pode elevar-se livre nas alturas. Este período de transição marca a fusão do temporal com o atemporal e o finito com o infinito. São Paulo descreveu esta mudança como “livrar-se do velho homem e despertar o novo”.

Em sua magnífica Quinta Sinfonia, Beethoven descreve este período de transição no qual o apelo da carne é quebrado e o poder do espírito reina supremo. Nunca se pode compreender e apreciar totalmente a tremenda força e impacto da Quinta Sinfonia até que se esteja qualificado para interpretá-la espiritualmente. Então, é que o ser se levanta em espírito sobre as praias de um vasto e encantado mar iluminado pela maravilha do mistério, sim, e com o terror, bem como a beleza, do novo e do inexplorado, enquanto acima, miríades de vozes celestiais são ouvidas cantando triunfalmente. O ser agora se levanta diante o limiar da vida eterna que o guia finalmente para uma união com o Abençoado que é a Luz do Mundo.



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