Karajan - Beethoven Symphony No. 5 in C minor Part 1
AS NOVE
SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove
Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO V
QUINTA SINFONIA
- DÓ MENOR
- OPUS 67
“ O espírito de
Beethoven está encarnado em sua música e aquele que ouviu a Quinta Sinfonia,
ouviu Beethoven” - Sir Oliver Lodge
A Quinta Sinfonia é uma canção dos Quatro Elementos - Fogo,
Ar, Terra e Água. É surpreendente em sua intensidade e poder. As pessoas
sensitivas que viviam nos dias de Beethoven disseram ter sido lançadas em
convulsões pelas grandes marés de verdadeiro fogo cósmico.
Assim é como Wagner descreve a “gigantesca energia” do primeiro
movimento desta sinfonia: “Ele (Beethoven) rouba as ondas do mar e deixa vazio
o fundo do oceano que pára as nuvens em seu curso, dissipa o nevoeiro e revela
o puro céu azul e a face ardente do Sol”.
Nas suas quatro partes, a sinfonia canta a canção de cada Elemento.
Enquanto cada uma destas partes está separada e distinta da outra, elas estão
magicamente ligadas por uma linha dourada de harmonia. Os críticos
frequentemente comentam sobre a concordância rítmica dos Quatro Elementos.
O primeiro movimento (Allegro con brio) é a chave do Elemento Fogo. O segundo
(Andante con moto) está relacionado com
o Ar. É o mais irregular dos quatro movimentos. O terceiro (Allegro) está
intimamente ligado ao primeiro, embora não se torne, de modo algum, uma
repetição dele. Ele exprime um misterioso caráter tremeluzente e aquoso. Então,
no Finale, é como o corpo todo da Terra que se estende em triunfo para receber,
unido e integrado, este cósmico poder dos quatro elementos.
A Quinta Sinfonia foi composta no final do ano de 1807 ou no início de
1808. Tanto ela como a sua sucessora, a Sexta, foram apresentadas pela primeira
vez em 22 de dezembro de 1808 em Viena.
A nota-chave espiritual da Quinta Sinfonia é Liberdade.
Das nove grandes sinfonias de Beethoven, esta é provavelmente a mais
popular. Foi considerada “infalível na concepção e sem falhas na construção... um
sublime e resistente monumento ao gênio incomparável e habilidade executiva de
seu autor”. É música que se eleva acima do pessoal e transitório na vida; não
contém nenhuma referência à cena externa e passageira, mas incorpora dos níveis
cósmicos uma força moral designada para reforçar o ser interno de todos os que
a ouvem. É música pura, refinada e abstrata com o objetivo de agitar a alma do
homem dentro da lembrança de sua natureza divina e imortal, e aumentar seus
poderes para dar um passo para cima. E isto ela realmente faz, haja
reconhecimento consciente do fato ou não. Aqui está uma estrutura tonal erguida
para uma “declaração cósmica”. Ela fala de modo redentor ao espírito interno do
homem porque seus modelos sonoros são
completamente harmoniosos com as atividades do Grande Homem do Universo
e Sua reflexão no homem microcósmico da Terra.
Cada um dos quatro movimentos é por si mesmo uma brilhante criação.
Considerados em conjunto, constituem um trabalho de imponente grandiosidade.
O primeiro movimento, Allegro con brio, inicia com quatro notas em
uníssono que Beethoven uma vez explicou que soam como o Destino batendo à
porta. O segundo movimento, Andante con moto,
carrega uma nota de tristeza; no
entanto, é maravilhosamente lindo e é
realçado mais adiante por um daqueles temas marciais que só Beethoven pôde
conceber.
Considerando o primeiro e o segundo movimento juntos, eles são uma
verdadeira explosão de desafio da vontade que cresce mais veemente e intensa
até que as forças de resistência são derrotadas. Como um comentarista expressou,
os dois primeiros movimentos são a canção de um ego de forte vontade,
determinado a quebrar os laços do destino e elevar-se acima de suas limitações.
Destino, deve ser acrescentado, é outro nome para a lei kármica
universal de causa e efeito. Não é uma abstração fria e isolada. É um poder
vivo e ativo entretecido numa fábrica de vida.
Assim como um homem ou uma nação semeia, assim eles devem também colher.
O homem, tanto individual como coletivamente, ressente-se desta verdade antes
de estar espiritualmente acordado. Ele se recusa a aceitar o fato de que seus
sofrimentos e desgraças são o resultado de seus próprios erros e más ações. A
raiva, a amargura, a indiferença e a contradição que a alma desperta enfrenta
estão representadas nos dois primeiros movimentos da Quinta Sinfonia.
Com o terceiro movimento, uma grande transformação ocorre. Agora, a
música se torna linda e cheia de um estranho misticismo que pressagia grandes
baixos e impenetráveis altos, até agora não alcançados e inexplorados. Aqui,
gradual mas inevitavelmente, tão suaves e lindas como as pétalas de uma flor
que se abre, o espírito é despertado mais profundamente para o verdadeiro
propósito e mistério da vida. Uma nova e mais profunda realização nasce, mas,
quando as leis da vida são entendidas e harmoniosamente aplicadas, vemos que
não são más e sim boas.
O terceiro movimento, ou Scherzo,
tem algumas passagens básicas eloquentes e suas figuras ritmico-tonais são
cheias de velado mistério e pesadas com presságios escuros. Ele se insinua
dentro do “orgulhoso e ardente” Finale perto da coda que é de surpreendente
brilho, finalizando com um Presto.
Não há nada mais etereamente lindo em toda a música do que a transição do Scherzo para o
Finale, dentro do qual esta realização nasce completamente dentro da alma que
desperta ou se ilumina. É então, com uma canção de júbilo, que o espírito se
liberta por toda a existência e
eternidade, para não mais ficar atado à lei kármica. A música gloriosa do
Scherzo e do Finale soa como a canção triunfante de alguém que alcançou a
espiritualidade. Esta sublime “música de liberdade” é a divina
herança de toda alma que aprende a se emancipar, passando da condição finita da
vida pessoal para a condição infinita do ser eterno.
Nas palavras de Charles O’Connell, “ No sentido amplo, esta não é a
expressão do pensamento ou sentimento de um homem. Esta é a declaração de uma
humanidade confusa e sarcástica – e finalmente triunfante. Esta é a voz do
povo, de um mundo sofredor e débil; embora contendo dentro de si os elementos
da grandeza final ... certamente, a Quinta Sinfonia tem um apelo à natureza
humana mais poderoso, direto e universal do que qualquer outra grande música
existente”.
O Finale é de tal magnitude e riqueza que, em comparação com ele, há
poucas peças musicais que possam ser tocadas sem ser completamente esmagadas.
E. Markham Lee em “The Story of the Symphony” escreve sobre a Quinta
Sinfonia: “Colossal em seu poder majestoso, romântica em sua essência e
titânica em suas idéias inerentes, a Sinfonia em Dó Menor levanta-se como uma
das mais nobres e mais características dos trabalhos de Beethoven. Vinda no
meio das suas nove sinfonias, não é como suas companheiras, e, por sua nobreza
e majestade, mantém sua cabeça orgulhosa com uma dignidade que é bem capaz de
sustentar. Beethoven começou a compô-la logo após terminar a Heroica e a mesma
seriedade é óbvia”.
Esta poderosa, magnífica e ao mesmo tempo maravilhosa música descreve a
gloriosa liberdade que só o espírito pode conhecer quando quebra a cadeia que o
prende à personalidade e desperta para o êxtase do puro espírito. Esta sinfonia
é a sublime canção da emancipação. É a interpretação musical da luta épica do
homem em níveis anímicos. É uma exultante canção de triunfo na qual o ser
emancipado quebra os laços do finito e passa vitoriosamente para a gloriosa
liberdade do infinito.
QUINTO MISTÉRIO
O Quinto Mistério está conectado com a quinta camada ou Estrato Germinal
da Terra, como é determinado na terminologia oculta. Nesta camada da Terra,
está refletida a mais alta região do Mundo do Pensamento que é conhecida como
Região do Pensamento Abstrato. É neste nível ou plano que a mente está ligada
ao espírito.
É de conhecimento geral que a origem da vida se encontra na semente. No
entanto, geralmente não é compreendido que a origem do pensamento se encontra
também na semente. No Estrato Germinal ou quinta camada da Terra, estão
armazenados os pensamentos gerados por toda a humanidade. Se uma pessoa pensa
intensamente por um período de tempo numa idéia específica, um pensamento-forma
desta natureza ficará implantado neste reino. Lá, irá germinar e dará
nascimento a um fruto semelhante. Sendo estes os efeitos do poder criativo da
mente, não só a pessoa que pensou irá colher os resultados dele, mas outros
também serão influenciados ou afetados em vários graus de acordo com sua
afinidade. Então, por exemplo, quando um
poderoso indivíduo como um Alexandre, o Grande, ou um Napoleão direciona sua mente
para conquistar o mundo, o resultado pode afetar outros de mente semelhante por
séculos, sendo multiplicado muitas vezes. Naturalmente, a lei opera de maneira
semelhante em aqueles que possuem pensamentos elevados e nobres. Os bons
pensamentos gerados por São Francisco de
Assis, por exemplo, não pararam de dar frutos, e assim ele continua sendo
semeado em nosso mundo por um santo moderno como Mahatma Gandhi.
Quando um homem está para começar uma nova peregrinação na Terra, ele é
trazido a esta quinta camada para começar a construção de seu novo veículo, pois,
como o homem vive hoje, ele está construindo o amanhã. É no Quinto Mistério
onde se ensina a ler o registro das vidas passadas na Terra, na Memória da
Natureza, e projetar a vida futura.
Há uma linha de demarcação que separa os cinco primeiros Mistérios Menores dos quatro últimos. Através dos cinco
primeiros Mistérios, o aspirante recapitula e leva à perfeição o trabalho que é
dado ao noviço. Isto envolve purificação e controle da natureza de desejo e uma
espiritualização que entrega a mente receptiva e obediente aos ditames do
espírito mais do que sujeita às inclinações e impulsos da personalidade.
Quando se passa através dos cinco primeiros Mistérios Menores , o Cristo
interno do homem é despertado e começa a governar suas ações. Quando ele passa
pelos quatro finais e elevados Graus, o Cristo interno floresce completamente.
De agora em diante, ele é um homem-deus que participa dos ritos sagrados
iniciatórios.
A Quinta Sinfonia é geralmente conhecida como a Sinfonia da Vitória. Esta
designação é mais significativa em sua interpretação espiritual. Ela significa
muito mais do que uma vitória do homem sobre o homem ou de uma nação sobre
outra nação, pois se refere à conquista de si mesmo. O mais sábio de todos os
sábios bíblicos sabia bem o significado desta conquista de si mesmo quando
disse: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que conquista uma
cidade”.
O Quinto Mistério marca um período de transição na vida do aspirante. É
aqui que os últimos grilhões da vida pessoal são quebrados, de modo que o
espírito pode elevar-se livre nas alturas. Este período de transição marca a
fusão do temporal com o atemporal e o finito com o infinito. São Paulo
descreveu esta mudança como “livrar-se do velho homem e despertar o novo”.
Em sua magnífica Quinta Sinfonia, Beethoven descreve este período de
transição no qual o apelo da carne é quebrado e o poder do espírito reina
supremo. Nunca se pode compreender e apreciar totalmente a tremenda força e
impacto da Quinta Sinfonia até que se esteja qualificado para interpretá-la
espiritualmente. Então, é que o ser se levanta em espírito sobre as praias de
um vasto e encantado mar iluminado pela maravilha do mistério, sim, e com o
terror, bem como a beleza, do novo e do inexplorado, enquanto acima, miríades
de vozes celestiais são ouvidas cantando triunfalmente. O ser agora se levanta
diante o limiar da vida eterna que o guia finalmente para uma união com o
Abençoado que é a Luz do Mundo.
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