quarta-feira, 11 de abril de 2012

AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais Corinne Heline CAPÍTULO III TERCEIRA SINFONIA - MI BEMOL MAIOR - OPUS 55 ( HEROICA )




Beethoven(1770-1827) - "Symphony No.3 : Eroica (1804)"





AS  NOVE  SINFONIAS  DE  BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove Mistérios Espirituais
Corinne Heline

CAPÍTULO  III


TERCEIRA SINFONIA    -    MI BEMOL MAIOR    -    OPUS 55
( HEROICA )


“O coração de Beethoven estava cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava, tornando luminoso com fogo divino.

Em Viena, ouvi pela primeira vez uma de suas sinfonias, a Heroica. A partir daí, tive só um pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.”  -  Rossini

“ Seus gloriosos temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da criatividade musical.” -  E. Markham Lee

“ A música da Heroica é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico. Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma sombra da morte.

O Scherzo expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores compassos da Nona Sinfonia.” -  John N. Burk em “Life and Works of Beethoven”



A Terceira das Nove Sinfonias foi iniciada em 1803 e finalizada no ano seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.

A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é Força. O número três é formado pela união do um (poder) com o dois (amor). Dessa união, nasce o terceiro atributo, a força. É este poder anímico da força que se torna o tema básico da Terceira de Beethoven.

A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar neste estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso traz um heroico timbre. Esta não é uma música convencional, mas uma transcrição de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória celestial.

Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia esta Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.

A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven. Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que esta sinfonia, a Heroica, era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram esta sinfonia a um significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.

Esta sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.

A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro “Concert Companion”, “ ao musicólogo, ao historiador  e ao romancista podem ser permitidas interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma mente grande e poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna.

Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isto não apresenta dificuldade de interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um aspirante entra sinceramente no caminho da transmutação da natureza inferior em superior, as experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com dor e tristeza. Muitas vezes,  os sons no coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a renúncia do eu inferior. Com o alcance desta recém encontrada força anímica, no entanto, o espírito renovado canta sua alegria e deleite, como expressado no Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza  permanece à noite, mas a alegria vem de manhã”.

O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos e profundos incorporados nesta sinfonia com tal “insight” espiritual que nós transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “ é para ser considerado em seu sentido amplo e de forma alguma para ser entendido como relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo, por “herói”, o homem total e completo no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor, de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço artístico deste trabalho está cheio de  variados e crescentes sentimentos de uma individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força. A tendência heroica deste trabalho artístico é o progresso em direção à conquista final.”

Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante,  todas as emoções de uma natureza ricamente abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos estes sentimentos brotam de uma principal faculdade e esta é a Força... Vemos um Titã lutando com os deuses”.

Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza solene, conta-nos sua história em tons agitados”.

Romaine Rolland considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais do que uma elegia para Napoleão” e Pitts Sanborn denominou-a “uma das mais tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.

Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância destrutiva  -  pela castidade de seu profundo pesar  -  o terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora este adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Este é o primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os melhores.

No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando o alcance do auto-domínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina com a música das esferas.

Como entendido por Wagner, o Finale representa o homem todo, isto é, “o homem profundamente sofredor e o homem feliz e alegre , os dois vivendo harmoniosamente nestas emoções onde a memória do sofrimento se torna a força formadora de nobres feitos”.

As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro “Stories of Symphonic Music”.

A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira de Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu significado por uma mera audição.

Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das Tristezas e lutas do homem  finalmente combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está concordando com Pitágoras, que deu ao três o atributo da harmonia e também afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de falhas, e o simbolismo do número três da Maçonaria que suporta os pilares da  sabedoria, da força e da beleza.

Mais do que isto, Wagner fala do Finale  como representativo do “homem total”, o “Homem total que grita para nós a declaração de sua Divindade”.

Considerem esta afirmativa em relação ao campo vibratório do três dentro do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte entre os antigos, o número três era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade. Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número três contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se identificava com o Ser Supremo que criou o homem ou, nas palavras de Wagner, “o todo, o homem total, o homem que grita para nós a declaração de sua Divindade”. Neste breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs  para a audição de ouvidos que percebem menos.

Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O Três incorpora os desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a sinfonia. Em amplitude e opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente. Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como Miranda: “Ó bravo novo mundo!

A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da personalidade pelos poderes do espírito. Esta é a batalha na qual todo ego está engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente consumada, o espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É este conflito e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua Heroica. É sem dúvida por esta razão que Beethoven afirmou que esta composição era a sua sinfonia favorita.



TERCEIRO  MISTÉRIO


O Terceiro Mistério está conectado com o terceiro estrato da Terra conhecido como Estrato Vaporoso. Neste estrato, está refletido o Mundo do Desejo. Aqui, compreendemos  como nunca a relação entre o homem e o planeta em que vive. Ele entende como sua indomável natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da correspondente camada na Terra. Ele também compreende como o controle dos desejos dentro dele tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse completo domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo, pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do homem. Foi o completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”. Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma uma cidade”. Richard Wagner expressou esta mesma verdade em Parsifal dando como sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”. Este é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.

Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como Beethoven descreve na Heroica, pode entrar com segurança e investigar os reinos do desejo da Terra.

No Terceiro Mistério, as magníficas cores do mundo astral se refletem no terceiro ou Estrato de Vapor da Terra e se transformam em um verdadeiro arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual. Nos mistérios maiores, ele também aprende como controlar as correntes de desejo no mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as emoções tendem a disparar como numa corrida; esta pessoa evoluída possui o poder de dominar estas emoções e assim evitar o desastre ou a tragédia.


















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