Beethoven(1770-1827) - "Symphony No.3 : Eroica (1804)"
AS NOVE
SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove
Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO III
TERCEIRA
SINFONIA - MI BEMOL
MAIOR - OPUS 55
(
HEROICA )
“O coração de Beethoven estava
cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra
eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e
despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava,
tornando luminoso com fogo divino.
Em Viena, ouvi
pela primeira vez uma de suas sinfonias, a Heroica. A partir daí, tive só um
pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.” -
Rossini
“ Seus gloriosos
temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça
mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da
criatividade musical.” - E. Markham Lee
“ A música da
Heroica é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico.
Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro
Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o
grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a
representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da
Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma
sombra da morte.
O Scherzo
expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e
alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um
brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores
compassos da Nona Sinfonia.” - John N.
Burk em “Life and Works of Beethoven”
A Terceira das Nove Sinfonias foi iniciada em 1803 e finalizada no ano
seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.
A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é Força. O número três é formado pela união do um (poder) com o dois
(amor). Dessa união, nasce o terceiro atributo, a força. É este poder anímico
da força que se torna o tema básico da Terceira de Beethoven.
A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar neste
estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua
concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico
que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso
traz um heroico timbre. Esta não é uma música convencional, mas uma transcrição
de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em
longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes
da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória
celestial.
Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia
esta Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales
subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação
reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.
A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven.
Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que esta sinfonia, a Heroica,
era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram esta sinfonia a um
significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos
aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.
Esta sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida
em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.
A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas
especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O
alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas
perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro
“Concert Companion”, “ ao musicólogo, ao historiador e ao romancista podem ser permitidas
interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma mente grande e
poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham
sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna.
Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois
da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isto não apresenta dificuldade de
interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um aspirante entra
sinceramente no caminho da transmutação da natureza inferior em superior, as
experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com
dor e tristeza. Muitas vezes, os sons no
coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a
renúncia do eu inferior. Com o alcance desta recém encontrada força anímica, no
entanto, o espírito renovado canta sua alegria e deleite, como expressado no
Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza permanece à noite, mas a alegria vem de
manhã”.
O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos
e profundos incorporados nesta sinfonia com tal “insight” espiritual que nós
transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “ é para
ser considerado em seu sentido amplo e de forma alguma para ser entendido como
relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo,
por “herói”, o homem total e completo
no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor,
de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o
que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço
artístico deste trabalho está cheio de variados e crescentes sentimentos de uma
individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e
inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso
de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina
dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força.
A tendência heroica deste trabalho artístico é o progresso em direção à
conquista final.”
Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante, todas as emoções de uma natureza ricamente
abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos estes sentimentos
brotam de uma principal faculdade e esta é a Força... Vemos um Titã lutando com
os deuses”.
Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise
trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha
Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza
solene, conta-nos sua história em tons agitados”.
Romaine Rolland considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas
coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais
do que uma elegia para Napoleão” e Pitts Sanborn denominou-a “uma das mais
tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.
Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância
destrutiva - pela castidade de seu profundo pesar - o
terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina
selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora
este adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Este é o
primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os
melhores.
No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando
o alcance do auto-domínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina
com a música das esferas.
Como entendido por Wagner, o Finale representa o homem todo, isto é, “o
homem profundamente sofredor e o homem feliz e alegre , os dois vivendo
harmoniosamente nestas emoções onde a memória do sofrimento se torna a força
formadora de nobres feitos”.
As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro
“Stories of Symphonic Music”.
A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a
essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma
consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma
personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição
humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira
Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está
amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os
seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira de
Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu
significado por uma mera audição.
Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das
Tristezas e lutas do homem finalmente
combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais
brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está
concordando com Pitágoras, que deu ao três o atributo da harmonia e também
afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de
falhas, e o simbolismo do número três da Maçonaria que suporta os pilares
da sabedoria, da força e da beleza.
Mais do que isto, Wagner fala do Finale
como representativo do “homem total”, o “Homem total que grita para nós
a declaração de sua Divindade”.
Considerem esta afirmativa em relação ao campo vibratório do três dentro
do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte entre os antigos, o
número três era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais
importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade.
Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número
três contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se
identificava com o Ser Supremo que criou o homem ou, nas palavras de Wagner, “o
todo, o homem total, o homem que grita para nós a declaração de sua Divindade”.
Neste breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado
interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs para a audição de ouvidos que percebem menos.
Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O Três incorpora os
desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a sinfonia. Em amplitude e
opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial
Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente.
Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como
Miranda: “Ó bravo novo mundo!
A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da
personalidade pelos poderes do espírito. Esta é a batalha na qual todo ego está
engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente
consumada, o espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É este conflito
e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua Heroica. É sem
dúvida por esta razão que Beethoven afirmou que esta composição era a sua
sinfonia favorita.
TERCEIRO MISTÉRIO
O Terceiro Mistério está conectado com o terceiro estrato da Terra
conhecido como Estrato Vaporoso. Neste estrato, está refletido o Mundo do
Desejo. Aqui, compreendemos como nunca a
relação entre o homem e o planeta em que vive. Ele entende como sua indomável
natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da
correspondente camada na Terra. Ele também compreende como o controle dos
desejos dentro dele tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do
corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse completo
domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo,
pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da
natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para
aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do homem. Foi o
completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no
Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”.
Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam
florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao
meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das
palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma
uma cidade”. Richard Wagner expressou esta mesma verdade em Parsifal dando como
sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”.
Este é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.
Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como
Beethoven descreve na Heroica, pode entrar com segurança e investigar os reinos
do desejo da Terra.
No Terceiro Mistério, as magníficas cores do mundo astral se refletem no
terceiro ou Estrato de Vapor da Terra e se transformam em um verdadeiro
arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram
vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para
serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os
ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual.
Nos mistérios maiores, ele também aprende como controlar as correntes de desejo
no mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as
emoções tendem a disparar como numa corrida; esta pessoa evoluída possui o
poder de dominar estas emoções e assim evitar o desastre ou a tragédia.
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