AS NOVE
SINFONIAS DE BEETHOVEN
Correlacionado com os Nove
Mistérios Espirituais
Corinne Heline
CAPÍTULO IV
QUARTA SINFONIA - SI
BEMOL MAIOR -
OPUS 60
A Quarta Sinfonia
é como “uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos” - Robert Schumann
A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita
numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e
externa. À sinfonia que então surgiu, Romaine Rolland se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor
que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.
Foi dito anteriormente que o número três (força) é uma emanação masculina
dos valores vibratórios combinados do número um (poder) e do número dois (amor).
O número quatro (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número
um (poder), número dois (amor) e número três (força). Assim, há uma íntima
relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo
de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que
vários escritores encontram nas sinfonias de Beethoven uma estreita relação
entre a Terceira e a Quarta. A Terceira está centralizada em poder e força e a
Quarta, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve
Alexander Wheelock Thayer, “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo
celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura
celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.
No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente
em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre
encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido
chamada de sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as
qualidades de Serenidade, Felicidade, Beleza e Paz.
Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por
uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é
tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e
tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual esta perfeição é atingida desaparece
completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que
chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da
arte poética podemos encontrar algo comparável com esta sublime página do gigante
da música”; ele conclui, “a impressão produzida por este Adagio se parece com
aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da
Rimini na Divina Comédia.
O segundo movimento, um Adagio em
Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram
ligar à vida amorosa pessoal do
compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e
impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha
de inspiração como este movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a
canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.
O terceiro movimento ( Allegro Vivace ) invoca um completo deleite. É
brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e
no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma
receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim.
Neste ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode
ser entendida de outra forma a não ser através da “idéia de magia”.
O Finale termina numa “brilhante perspectiva onde a harmonia dos mundos
visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna
bênção de paz. É a paz que vem só para a
alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza
anímica. O mais alto significado do número quatro é esta habilidade do
iluminado ou cristianizado se elevar sobre as limitações da vida humana e,
vagarosa mas certamente, transformar o áspero Ashler no perfeito Cube.
QUARTO
MISTÉRIO
O Quarto Mistério está relacionado com a quarta camada da Terra chamada
de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra
conhecida como Região do Pensamento Concreto. O Terceiro Mistério tem a ver com
a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação
ou espiritualização da mente. Isto envolve longos e árduos processos e
necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa
comum, a mente é escrava da personalidade.
A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a
vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a mente da
personalidade gradualmente e a ligá-la com o espírito. É então que a
mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal
ser traz a marca da imortalidade.
Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas
iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do
Grande Triunfo. Enquanto o espírito está ligado aos três amigos, o corpo
físico, a natureza de desejos e a mente,
a personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da
vida física tais como pobreza, doença e morte.
O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Elihu. Sua
vinda vitoriosa representa a separação
da mente da personalidade e sua união com o espírito. Essa iluminação ou
cristianização da mente é a realização relatada no Quarto Mistério e descrita
musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança este estágio de
desenvolvimento espiritual, seu corpo físico é recuperado, sua saúde se
restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras
do poeta, “ o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”.
No Quarto Mistério, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na
quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Este reino não é composto de água
como pensamos deste elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos
os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.
O Mundo do Pensamento Concreto, conhecido como Segundo Céu, é o lar de
todos estes modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego
passa muito tempo aprendendo como construir o arquétipo que será o modelo do
seu próximo corpo terreno.
É importante notar que é no plano mental que estes modelos arquetípicos
são construídos, pois isto nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do
pensamento criador. No Quarto Mistério, o candidato aprende como usar o poder construtivo
e criativo do pensamento e a realização de que, por este modo, ele constrói ou
destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode degradar-se ou
glorificar-se. Os movimentos metafísicos como a Ciência Cristã, Unidade e
Ciência Divina estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao
considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental.
É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa esta profunda
verdade na citação: “ Como um homem pensa em seu coração, assim ele é”
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